quarta-feira, 23 de junho de 2010

Relacionando aprendizagens

Hoje, durante um trabalho com meus alunos da 7ª série recordei-me de alguns conceitos vistos na disciplina de linguagem. Estava trabalhando com eles a a mitologia grega através de teatro - componente curricular da 7ª série em Campo Bom. Havia dividido eles em grupos e entregue textos da mitologia (para cada grupo uma história diferente) já tinha dado uma aula para ensaiar e outra para construir cenários e materiais que precisariam para apresentação e fazer as últimas combinações - hoje foi o dia da apresentação.
Filmei as apresentações. Durante a mesma pude constatar quanta dificuldade eles tem em dramatizar. Lembrando das leituras sobre os gêneros textuais pude compreender esta dificuldade deles como uma dificuldade em migrar da linguagem do texto escrito para a linguagem teatral. O texto tem sua riqueza de detalhes a fim de trazer para o campo da linguagem escrita aquilo que acontece no real, a fim de que lendo possamos imaginar. Assim, em um texto que é transformado em teatro, muitas dos detalhes perdem sua necessidade, já que devem ser REPRESENTADOS no real. A dificuldade dos alunos é justamente abandonar a riqueza de detalhes do texto e transformar em riqueza de detalhes na ação. Isto envolve não só uma compreensão da linguagem teatral, mas também uma compreensão da função da linguagem textual.
A partir daí, quero fazer um trabalho em conjunto com a professora de Língua Portuguesa. Pensei que poderia realizar o processo contrário para ajudá-los a compreender isto: filmar pequenas situações cotidianas deles e fazer com que transformem em pequenos trechos escritos, com riqueza de detalhes, a fim de compreenderem que o texto deve ser rico em função da ausência da ação (o texto deve fazer-nos recriar a ação em pensamento, sem te-la visto), e o teatro deve ser rico em ação (o teatro feito a partir de um texto não deve ser feito essencialmente de narração).

sexta-feira, 4 de junho de 2010

TCC?

Prossigo com minhas leituras. Tenho descoberto um novo mundo ao pensar a organização dos espaços na educação infantil e lamento estar vendo sobre isto apenas no final do curso - que foi bem mais direcionado para o ensino fundamental.
Depois de todos os avanços e mudanças no espaço de minha sala, as leituras novamente me provocaram a repensar o que - até então - parecia que estava tão perfeito... Apesar de oferecer inúmeros desafios aos bebês, Horn alerta para as idéias focaultianas sobre o espaço da escola a respeito do Panoptico de Benthan
"Penso que a organização do espaço físico em cantos, em zonas semi-abertas, possa constituir-se para alguns educadores como uma forma de controle através de arranjos espaciais, pois o professor observa e controla todas as ações das crianças sem ser o centro da prática pedagógica. O que quero dizer é que o simples fato de organizar a sala de aula dessa forma não garante uma atuação descentralizada por parte do adulto e, consequentemente, a construção da autonomia pela criança." (HORN, 2004, p.25)

Pude olhar a minha sala de uma forma diferente a partir da leitura e voltar a repensar a organização do meu espaço, esbarrando novamente na construção da da autonomia (já pensada - mas não resolvida - quanto ao uso dos brinquedos no berçário, ficando ao alcance das crianças)

Paira a preocupação de garantir um espaço seguro às crianças, propiciando a construção desta autonomia - questão ainda sem resposta para mim.

Sinto-me desafiada a estudar mais sobre o assunto. Seria o ponto de partida para meu TCC?

REFERÊNCIAS:

HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.