Hoje, durante um trabalho com meus alunos da 7ª série recordei-me de alguns conceitos vistos na disciplina de linguagem. Estava trabalhando com eles a a mitologia grega através de teatro - componente curricular da 7ª série em Campo Bom. Havia dividido eles em grupos e entregue textos da mitologia (para cada grupo uma história diferente) já tinha dado uma aula para ensaiar e outra para construir cenários e materiais que precisariam para apresentação e fazer as últimas combinações - hoje foi o dia da apresentação.
Filmei as apresentações. Durante a mesma pude constatar quanta dificuldade eles tem em dramatizar. Lembrando das leituras sobre os gêneros textuais pude compreender esta dificuldade deles como uma dificuldade em migrar da linguagem do texto escrito para a linguagem teatral. O texto tem sua riqueza de detalhes a fim de trazer para o campo da linguagem escrita aquilo que acontece no real, a fim de que lendo possamos imaginar. Assim, em um texto que é transformado em teatro, muitas dos detalhes perdem sua necessidade, já que devem ser REPRESENTADOS no real. A dificuldade dos alunos é justamente abandonar a riqueza de detalhes do texto e transformar em riqueza de detalhes na ação. Isto envolve não só uma compreensão da linguagem teatral, mas também uma compreensão da função da linguagem textual.
A partir daí, quero fazer um trabalho em conjunto com a professora de Língua Portuguesa. Pensei que poderia realizar o processo contrário para ajudá-los a compreender isto: filmar pequenas situações cotidianas deles e fazer com que transformem em pequenos trechos escritos, com riqueza de detalhes, a fim de compreenderem que o texto deve ser rico em função da ausência da ação (o texto deve fazer-nos recriar a ação em pensamento, sem te-la visto), e o teatro deve ser rico em ação (o teatro feito a partir de um texto não deve ser feito essencialmente de narração).
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