domingo, 16 de agosto de 2009

O Ensaio de Adorno

Ao ler o texto “Educação após Auschwitz” fiquei bastante sensibilizada com o sofrimento e a dor dos que foram vítimas neste trágico episódio; fiquei horrorizada com tamanha falta de amor, de humanidade e respeito daquelas pessoas envolvidas em tão hediondo crime, verdadeiros algozes! Realmente, a barbárie de Auschwitz foi um fato injustificável e não há nenhuma explicação que possa ser aceita para defender a conduta destrutiva que aqueles seres, chamados de humanos, tiveram. É terrível pensar que a estrutura básica da sociedade daquela época, há mais de sessenta anos atrás, e as características que a induziram a citada barbárie, que durou doze longos anos de nossa história, ainda são as mesmas hoje! O que exemplificava apenas alguns monstros nazistas da época, hoje podemos observar em um grande número de pessoas, como vândalos, delinqüentes juvenis, chefes de quadrilha e similares, que diariamente aparecem em noticiários nos jornais de todo o mundo. As pessoas continuam se deixando levar por líderes negativos, parece que não conseguem resistir ao poder e ao fascínio doentio que estes exercem sobre elas, aceitando idéias que talvez nem cheguem a acreditar. É como se ficassem cegas para a realidade e moralidade. Falta a elas a força para a reflexão desses atos, para a auto-determinação de não cometê-los, para a não-participação nesses crimes. O que será que leva pessoas a se autorizarem a cometer tamanhas atrocidades?

Dizem que a humanidade é civilizada. Mas a civilização é o resultado dos progressos da humanidade em sua evolução social e intelectual. Onde estava o progresso social neste episódio? O que foi mostrado de progresso? Eu diria que só se demonstrou a degeneração da dita espécie humana! Um retorno a selvageria!
Alguns estudiosos, que não desejam que episódio como este volte a acontecer, citam com freqüência que o fato das pessoas já não terem vínculos seria responsável por acontecimentos desastrosos como este. A família, que é a primeira célula da sociedade, tida como a célula mãe, está se desmoronando, fazendo com que os primeiros vínculos, creio eu que os mais importantes (paternidade e maternidade) sejam exterminados. É na primeira infância que o ser humano vai adquirindo hábitos e atitudes dignas, através das boas palavras e de bons exemplos de seus genitores. Faltando esta base, será mais difícil se edificar uma construção sólida! A criança tem a capacidade de se identificar com seus familiares e precisa desta identificação para ficar psicologicamente equilibrada. Muito sábia foi a citação de Adorno sobre este assunto:
“A uma mentalidade sadia afigura-se plausível invocar vínculos que ponham um paradeiro ao sádico, destrutivo, devastador, mediante um enérgico 'Você não deve' ".
Para isto o papel dos pais é demasiadamente importante. Não menos importante é o papel do professor.

Uma educação que queira evitar episódios bárbaros deverá se concentrar na infância e juventude de uma maneira consciente e comprometida, pois sendo a educação um conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito, esta só terá pleno sentido se mantiver a finalidade de uma a auto-reflexão crítica. Para que nosso aluno tenha condições para tal, devemos proporcionar a ele o pleno desenvolvimento de suas potencialidades fazendo-o realmente sujeito pensante e atuante em suas construções.
Como professora tenho que acreditar que podemos ter em nossas salas de aula o início da mudança que ansiamos. Quero acreditar que a Educação é realmente transformação.
"Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam".
(Edmund Burke)

Vamos continuar fazendo o que for necessário para que somente o bem triunfe.

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