sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Letramento: escrita x oralidade

Achei muito interessante a forma como Kleiman fala sobre a questão da oralidade e da escrita. Ao colocar oralidade e escrita não apenas como recursos, mas como forma de pensar, o conceito de letramento adquire outra importância.
Kleiman defende que, para os grupos não letrados (que não utilizam-se culturalmente da escrita ou que não o fazem por não saber escrever) a oralidade é uma forma de pensamento. Eles pensam com a lógica da oralidade, enquanto o grupo letrado pensa com a lógica da escrita. De acordo com Kleiman

"uma diferença maior entre os dois modos de pensar retoma a tese da abstração, pois nos grupos orais predominaria o pensamento situacional e operacional, que para Ong é minimamente abstrato (ou seja, é abstrato ape­nas na medida em que toda conceitualização é de fato abstrata) enquanto que os grupos que dominam a escrita utili­zariam uma lógica abstrata, livre de considerações contex­tuais na realização de diversas operações cognitivas." (Kleiman, 2006)

Desta forma, não ser letrado não implica apenas em não compartilhar da função social da escrita, mas estar aquém das expectativas cognitivas do grupo que domina a escrita.


REFERÊNCIAS


KLEIMAN, Angela B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, Angela. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006. p. 15-61

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